segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O quanto mudou em pouco mais de um mês. Quão rápido desapareceram os últimos dois anos. Sinto a tua falta sobretudo na cozinha, quando não consigo abrir um frasco ou tenho de lavar a louça. Muitas vezes nem faço as refeições, pura e simplesmente porque não me lembro que era suposto comer. Tive de reformular completamente as minhas rotinas e isso custou muito. Pensei que estava a lidar bem com isto. Pensei mesmo. Só na semana passada quando dei por mim com tanto tempo livre que nem sabia o que fazer comigo, ou quando me encontrei com um cigarro na mão é que percebi que não, se calhar não estou a lidar assim tão bem quanto pensava. Não choro desde o dia em que acabou, disso ainda me posso orgulhar. Mas porquê? Estava tudo bem até àquele abraço que me deste... Apertaste-me com tanta força contra o teu peito que por momentos julguei ser novamente tua. E a lucidez que me tinha vindo a acompanhar desde o dia do fim desapareceu, dando lugar a uma esperança estúpida de uma reviravolta digna de um filme. Por muito ilógica que fosse, por muito que eu saiba que não vai acontecer. Hoje deitei-me e, por uns breves instantes, sonhei. Dantes sonhava todos os dias, mas desde aquele dia nunca mais tive qualquer espécie de devaneio enquanto dormia. Mas hoje sonhei, sonhei que me querias de volta, que me beijavas e abraçavas como dantes, como se nada fosse. Acordei com um sorriso. Mas era só um sonho, nunca será mais que um sonho.

Às vezes gostava de poder hibernar como um urso. De me esconder, de me fazer pequenina, de desaparecer até a dor ir embora. Já não sei até que ponto estou bem. Já não sei que partes de mim estão bem, que partes de mim ainda são minhas. Quero conseguir controlar-me e sorrir e seguir em frente e dizer que está tudo bem, que vai ficar tudo bem, que eu tenho isto sobre controlo. Mas todos os dias, quando chega o fim da noite e tenho de ir para casa - sozinha - sinto-me assim mesmo. Sozinha. Sozinha sem ti, sozinha sem nós. E hoje, pela primeira vez desde o fim, voltei a chorar. Nobody said it was easy. No one ever said it would be so hard.

Oh, take me back to the start.