Crescer é difícil. E quando damos por nós estamos sozinhos a enfrentar todo um futuro que nunca planeámos. As pessoas foram-se sem um único adeus e é tarde demais para correr atrás do barco que partiu. De repente dei por mim sozinha num futuro que não me lembro de escolher. E não posso fazer nada senão respirar fundo e viver mais um dia. É difícil quando dou por mim a depender de um único alguém. Principalmente quando tinha prometido a mim mesma nunca mais depender de ninguém. Já não sei para onde fugir, onde me esconder. Aliás, já não tenho idade para estas coisas. Não me resta senão enfrentar os amanhãs e os dias que aí virão. Por muito que me assustem. Por muito medo que me metam. Por muito que me lembrem os monstros que se escondiam debaixo da minha cama. Foram-se tantos anos e eu não soube guardar nada. Foram-se vinte e um anos e eu não guardei nada. Acabo por me sentir mais sozinha, cada vez mais menina perdida, cada vez mais peter pan. E a terra do nunca nunca chega. E o difícil e o complicado nunca páram. Voltas e voltas e tudo continua o mesmo. Porque mude o que mudar nunca deixarei de ser a rapariga que não se encaixa, a rapariga que não se adequa, a rapariga que ninguém vê. No fundo sou e sempre serei apenas mais uma. A mais comum das comuns. Mais um nada no vazio. Uma e outra vez. Para sempre.
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